4.1.11

Monsters


E se eu gritasse agora tudo aquilo que quisesse, não sobraria ninguém aqui pra escutar até o final. Pois se cada um de nós dissesse pelo menos metade daquilo que realmente pensa, não andaríamos em fila indiana como manda a sociedade. Por que você acha que nos educam assim? Você só segue o sistema que formou sua personalidade. Esconda quem você é, pra poder viver em paz. Esconda seu monstrinho aí dentro.

25.7.10

tomorrow


Não sei se amanhã fará Sol ou se teremos de usar os guarda-chuvas, tampouco sei o que sonharei esta noite. Não posso dizer o que farei da vida, o que exercerei e do que irei arrepender-me. Não sei o porquê das coisas, assim como não sei se este meu "porquê" foi escrito corretamente. Não consigo, oh, não consigo olhar para a frente e ver o que acontecerá comigo, nem com qualquer outra pessoa. Não posso adivinhar qual o próximo ônibus, e se este foi o último. Não sei qual a notícia ruim do jornal amanhã. Nem depois. Não sei qual será a cor dos meus cabelos em dez anos. Não posso saber onde morarei, onde morrerei. A única coisa que pareço saber é que estarei com você. Quero tanto que seja assim que faço deste desejo parte da realidade futura. Segure minhas mãos e vamos viajar pela vida. Não pela minha, e nem pela sua. Pela nossa.

12.6.10

You


Oh, a vida é realmente um furacão.
Eu não precisava de ninguém, e até então
Sonhava todas as noites apenas comigo mesma
E eu tinha pensamentos apenas sobre mim mesma
Meus planos eram somente para mim
E eu conversava apenas comigo
Eu não era ninguém.
As pessoas passavam por mim
E tudo o que eu via... Eram faces
Apenas faces, sem significado
Eles não existiam para mim...
Mas na verdade, eu é que era transparente.

Oh, é tão bom tê-lo aqui.
Ter teus braços para me confortar
E teu carinho para me descansar.
Oh, eu tenho você.
Inacreditavelmente... Tenho você.
Tenho teus olhos para fixar os meus
E tenho meu amor para oferecer-te
Oh, eu lhe tenho, eu lhe tenho...
Eu amo você
Amo-o até os ossos.
Eles quebrariam sem você.
Eu amo você
E sua existência
E sua essência
E sua presença.
Olhe para mim, onde está minha transparência?
Você me faz existir, olhe
Eu sou alguém agora.

7.6.10

Empty


Há tanto que eu gostaria de saber, gostaria de falar, sentir, aprender, escutar, fazer... Vejo minha vida tão limitada... Tão finita.
Quatro paredes.
Um teto.
Uma lâmpada.
Ora acesa, ora apagada. Sinto, às vezes, tanta vontade de fazer o que não posso... E quanto ao que posso, não há em mim vontade para fazê-lo. E ainda, de vez em quando, nem mesmo sei quais são minhas vontades. O que quero, afinal? Se hoje estou convicta, como posso amanhã estar indecisa, se sou o mesmo corpo no mesmo lugar rodeada das mesmas coisas? E é tudo sempre igual... E continuo estando sempre diferente. Fora de órbita. Longe. Me pergunto quando as coisas realmente irão mudar. Ou deveria perguntar-me: " Quando pararei?"

17.4.10

Line


Os dias costumavam se arrastar algum tempo atrás. Eu me lembro bem... o tempo praticamente implorava-me: "passe por mim, para que eu possa passar..." e eu não podia fazer nada porque quem determina minha vivência a não ser ela mesma? Agora estou aqui, sei que tenho coisas a fazer, a resolver, a tentar. Só que eles passam entre meus dedos e quebram-se no chão. Elas têm esse costume de ficar pendentes... O tempo que antes estava ajoelhado diante de meus pés agora eu nem sequer vejo mais, e se vejo é com o canto do olho, muito depressa, a quilômetros de distância. As coisas estão passando por mim. Elas estão vindo ao meu encontro e meus braços não são ágeis o suficiente para pegar cada uma delas e colocar nos bolsos.
Algumas eu agarro.
E guardo.
Mas quanto as outras, que para mim têm aquela aparência tão interessante... Que olham para mim e dizem: " Faça-me. Use-me. Aprenda-me." Elas simplesmente passam. E sei que não adianta olhar para trás, não adianta chamá-las pelo nome. Não adianta oferecer um doce à elas. Elas não voltarão... Porque minha vivência não é uma circunferência. Não estou em um ciclo. Estou em uma linha reta ou torta, que tem começo, meio e fim. Aquilo que passa pelo ponto onde estou, simplesmente passa. E quando chega no fim, se destroi. Estilhaça-se. Em mil pedaços... E meus bolsos continuam cheios.

27.2.10

Coffee


Eu olho ao meu redor. As pessoas se queixam de problemas, elas estão confusas, elas querem crescer, querem chutar tudo ao seu alcance, querem a atenção de todos, o papel principal, tempo a mais, tempo a menos. Elas querem conquistar tudo, ou não querem simplesmente nada. Elas fazem de tudo para conseguir, ou simplesmente se sentam no sofá. Alguns colocam a culpa no destino, outros dizem que é ele quem vai nos salvar. Há aqueles que insistem em dizer que a culpa não é sua, em compensação existem muitos que aceitam a culpa dentro de si e a convidam para tomar um cafezinho. Tornam-se íntimos dela. Muitos a escondem até não puderem mais... Poucos admitem quando estão com ela. Alguns estão pensando no que fazer agora, outros estão fazendo o que antes estavam pensando em fazer, e claro, têm aqueles que estão fazendo qualquer coisa sem pensar, e ainda os que estão pensando em não fazer nada. Há aqueles que colocam as cartas na mesa, assim como existem os que preferem esconder o jogo misteriosamente... Alguns deixam a entender que têm estratégias quando na verdade não tem coisa nenhuma, enquanto os outros que parecem não saberem de nada têm uma, duas ou três cartas na manga. Muitos reclamam, outros preferem dizer que reclamar não resolve nada... Dentro desses existem aqueles que ou preferem não reclamar mais e começar a ser a mudança que querem ver... Ou os que dizem para aqueles que reclamam que tudo vai ficar bem logo, basta esperar. Algumas pessoas estão felizes a maior parte do tempo, outras quase nunca. Algumas demonstram sua felicidade, outras preferem escondê-la para que ninguém passe de fininho e a leve embora. Há ainda aqueles que fingem estar felizes, mas apenas eles sabem que não é bem assim... Existem, até, alguns que estão felizes mas fingem estarem tristes só para que os outros que antes estavam felizes fiquem tristes por sua causa! Alguns sorriem porque querem. Alguns fingem simpatia, outros se seguram para não rir... Muitos contam seus problemas, alguns acham que não têm tantos problemas assim... Outros tentam resolver os problemas dos outros porque simplesmente não conseguem resolver os seus. E sem falar daqueles que tem problemas para si, mas os resolvem em silêncio, e ainda conseguem ajudar os outros... Esses, geralmente, são os mesmos que fazem de tudo para conseguir, estão dentre os poucos que admitem quando a culpa está consigo, escondem o jogo com cautela... São esses que preferem ser a mudança, que parecem estar felizes o tempo todo mas nem sempre estão. São esses, também, que agora estão fazendo algo, e não mais pensando em fazer. Estão se arriscando, sim, mas ainda estão vivos. Enquanto aqueles que estão apenas sentados no sofá, pensando em não fazer nada, colocando a culpa no destino, dizendo que vai ficar tudo bem... enfim, esses que existem, mas deixam de viver, já morreram há muito tempo.

12.2.10

Dream


Eu já sei que é um sonho, é irreal. Está além de mim, dos meus passos, do meu tato, do meu ser. Saber disso é doloroso, é uma dor invisível e cruel, me atravessa. Mas prefiro saber agora... Afinal quando eu abrir meus olhos saberei o que está havendo. Saberei porque tudo está caindo, saberei porque se acabou. Quando eu abrir meu olhos, eu apenas terei de seguir em frente. E eu usarei as minhas forças... Assim como as uso agora. Eu as uso para que o sonho não termine, não agora, por favor. Mas, veja bem... Estamos num sonho. Preciso entender que eles se acabam... quer seja cedo, quer seja tarde. Quer haja Sol, quer esteja chovendo. Então eu estou aqui... Com meus olhos fechados. Apenas vivendo e esperando... esperando a hora de abri-los, de acordar para o mundo verdadeiro onde não há nada além da solidão para me acompanhar. E eu darei as mãos à ela, e juntas nós permaneceremos, quer haja Sol, quer esteja chovendo.